A televisão brasileira já foi palco de programas que marcaram gerações, mas muitos deles, se fossem exibidos nos dias atuais, seriam amplamente criticados — e até mesmo cancelados. Com a evolução das discussões sobre ética, respeito e representatividade, algumas atrações do passado se tornaram símbolos do que não se deve repetir.
Neste artigo, listamos seis programas que seriam fortemente questionados hoje em dia por seus conteúdos considerados ofensivos, machistas, preconceituosos ou fora de contexto.
1. Escolinha do Professor Raimundo: estereótipos regionais em excesso
Apesar de seu sucesso e do talento inegável do elenco, a “Escolinha do Professor Raimundo” utilizava personagens caricatos que reforçavam estereótipos culturais e regionais. O programa representava nordestinos, gaúchos, mineiros e outros grupos com traços exagerados e piadas que hoje seriam vistas como preconceituosas.
Sob o olhar atual, muitos dos personagens seriam alvos de debates sobre xenofobia e racismo estrutural.
2. Zorra Total: piadas que não fazem mais sentido
Durante anos, o “Zorra Total” foi um dos humorísticos mais populares da Globo. Seus quadros, no entanto, eram recheados de clichês ofensivos e piadas que exploravam de forma negativa a aparência física, orientação sexual, gênero e até deficiências.
Nos dias de hoje, esse tipo de humor já não é mais tolerado em boa parte da sociedade, o que tornaria a permanência do programa praticamente impossível.
3. Pânico na TV: quando a piada vira constrangimento
O “Pânico na TV” conquistou enorme audiência, mas também gerou muitas controvérsias. O programa era conhecido por quadros agressivos, invasivos e muitas vezes misóginos. Piadas com pessoas desconhecidas, celebridades constrangidas e sensualização de mulheres eram frequentes.
Em um cenário atual mais atento ao respeito e à dignidade humana, o “Pânico” seria alvo constante de cancelamentos nas redes sociais e provavelmente não passaria da primeira temporada.
4. Casseta & Planeta: humor que não resistiria ao politicamente correto
O grupo de humoristas do “Casseta & Planeta” fez história na Globo com sátiras políticas e sociais. No entanto, a abordagem muitas vezes envolvia piadas com minorias, representações racistas, machistas e homofóbicas.
Com a maior conscientização social e responsabilidade na comunicação, o tipo de conteúdo explorado pela atração teria grande resistência na TV e nas plataformas digitais.
5. Banheira do Gugu: sensualização no horário nobre
A “Banheira do Gugu” é um dos quadros mais lembrados da televisão dos anos 1990. O jogo consistia em homens e mulheres de biquíni disputando quem pegava mais sabonetes dentro de uma banheira. A proposta era claramente apelativa, com enfoque na sensualização dos corpos.
Transmitido em pleno domingo à tarde e assistido por famílias inteiras, o quadro é um exemplo clássico de objetificação sexual na TV aberta — prática que, hoje, seria duramente criticada e banida.
6. Programa do Huck: Feiticeira e Tiazinha em foco
Antes de ser um apresentador consolidado, Luciano Huck também apostou em sensualização para atrair audiência. No “Programa H”, exibido na Band, surgiram figuras como a Feiticeira e a Tiazinha — mulheres em trajes provocantes que faziam parte dos quadros do programa, muitas vezes de maneira puramente sexualizada.
A exibição desse tipo de conteúdo como entretenimento para o público geral, incluindo adolescentes, seria amplamente rejeitada na atualidade por promover estereótipos de gênero e desrespeitar o papel da mulher na mídia.
Conclusão: o que mudou na TV brasileira?
A mudança no comportamento do público e o aumento da consciência coletiva sobre temas sociais forçaram a televisão a repensar sua forma de comunicar. Hoje, o que antes era considerado entretenimento “normal” é, com razão, revisto sob a ótica do respeito, da diversidade e da empatia.
Programas como esses fazem parte da história da TV, mas também nos lembram de como evoluímos — e da responsabilidade que a mídia tem ao refletir os valores de uma sociedade mais justa.